A música não tem prazo de validade. A música diz-nos como é que são as coisas e como é que nós somos. Segundo os grandes a música é, provavelmente, o fogo que arde sem se ver. Uma viagem longa. A medida de todas as coisas. Uma alucinação. O pó das estrelas. Eu tenho a certeza que concordam comigo. A música inspira, e arrepia, e mostra-nos tanta coisa que nós não conseguimos ver. É de todas as cores e fala todas as línguas. É a solução de todos os problemas e, com certeza, o equilíbrio perfeito do Universo.
O que é que eu estou a sentir?
O que é que tu estás a sentir?
Eu acho que sei.
E tenho a certeza de que não é isso.
Para onde é que estavas a olhar?
Para onde é que eu estava a olhar?
Tu achas que sabes.
E tens a certeza de que era só a minha
m
     i
        o
        p
    i 
a
Filosofando filosofias
Entre a morte e estes dias
que não acabam sem melancolias,
surge como solução
a finitude de uma vida...
E que valor tem para ser vivida?
E esse valor que lhe dão os homens,
senão como garantida?
O que conhecemos já é conhecido,
e só agora é que se vai saber o veredito!  
Cada história, uma história
Da História que não fica na memória
Com a esperança de "uma terra prometida"
que vai cicatrizando Améns em ferida.
Cada pedacinho, um pedacinho,
deste piãozinho às voltas como um tolinho...
E cansa-se, e revolta-se, e farta-se,
e vai acabando por perder 
pedacinho 

pedacinho.
Surge o único feito, bem feito,
destas criaturas terrenas sem jeito
para alterar a ordem do desconhecido (im)perfeito.
A música.
Isto tudo!
Soberba.
E absurda.

"Mas ainda nada se compara
àquele ousado Sol de julho
que intimidava a calçada portuguesa."

E o Universo inteiro suspirou...
Olá mãe
Quantas vezes tens ouvido isto?
Quantas vezes queres ouvir mais?
És uma mulher, um ser tão estranho
Deslumbrante e mortal...
Às vezes és eterna, outras duras meia hora
Sem quereres, 40 primaveras...
Porque haveriam de ser 57?
Quem não queria, quem não quer?
Perguntas sem respostas,
Feitas a sorrisos que já não existem.
Obrigada por nada
e por tudo que eu não fui.
Porque não estás e ficas tanto tempo?
És contraditória.
És mulher.
És complicada.
Minha mãe, estou vestida de ti
E toda a gente me ama.
Tanta compaixão e indiferença
Quando tenho dezasseis e tenho tudo.
Tudo o que era impossível.
Olá mãe.
Outra vez, mais uma vez...
Não quero falar de mim,
mas também não estava a falar de ti.
Tenho lembranças
de coisas que não vivi.
Também sou mulher.
E isso faz-me confusão.
Também sou mortal, portanto.
Também tenho saudades.
E também te amo.

Mariana
Não faz mal as coisas mudarem. As pessoas mudarem. É óptimo. Tudo muda. Os dias mudam. As estações fazem o mesmo. Aceitar é difícil. Algumas mudanças repentinas são difíceis. Mas era o que eu precisava. Precisava de ver caras novas, de olhar para outro lado, de fazer tudo ao contrário, de gritar como uma maníaca, de falar em japonês, de mudar de cidade, de mudar de ares, de mudar de amigos... de mudar. Está tudo bem. São sete, já não passam daí. Eu mudei e estou melhor assim. Aos olhos que já não me podem ver: eu estou de consciência tranquila. Aos olhos que eu já não posso ver: eles um dia olharam para mim. Eu sei o que fui e quais eram as minhas intenções. As coisas mudam. E ficam melhores. Ou piores. Ou ficam só. Eu sei que ficam diferentes. Aceitem essas coisas. O Inverno também não vem aí por acaso.