Olá mãe
Quantas vezes tens ouvido isto?
Quantas vezes queres ouvir mais?
És uma mulher, um ser tão estranho
Deslumbrante e mortal...
Às vezes és eterna, outras duras meia hora
Sem quereres, 40 primaveras...
Porque haveriam de ser 57?
Quem não queria, quem não quer?
Perguntas sem respostas,
Feitas a sorrisos que já não existem.
Obrigada por nada
e por tudo que eu não fui.
Porque não estás e ficas tanto tempo?
És contraditória.
És mulher.
És complicada.
Minha mãe, estou vestida de ti
E toda a gente me ama.
Tanta compaixão e indiferença
Quando tenho dezasseis e tenho tudo.
Tudo o que era impossível.
Olá mãe.
Outra vez, mais uma vez...
Não quero falar de mim,
mas também não estava a falar de ti.
Tenho lembranças
de coisas que não vivi.
Também sou mulher.
E isso faz-me confusão.
Também sou mortal, portanto.
Também tenho saudades.
E também te amo.

Mariana